segunda-feira, 30 de junho de 2014

Canto literário: Eu, por eu mesma!

Existem dois grandes defeitos que tenho e não tolero. Eu sei que todo mundo tem milhares de defeitos e certamente eu tenho outros defeitos, mas acho que nenhum me deixa tão chateada como esses dois.
O primeiro é minha incapacidade de lembrar o nome das pessoas. É algo surreal, eu demoro anos pra aprender nome de pessoas que convivem diariamente comigo, tipo colegas de trabalho. Eu confundo nomes de amigos de longa data. 
Tenho a impressão que o problema começa já no momento em que sou apresentada à pessoa. Parece que no exato instante em que ela fala o nome dela meu cérebro migra pra outro planeta, outro estado da matéria, não sei explicar. Mas quando alguém fala "Prazer, meu nome é Sizifredo", o momento da pronúncia da palavra "Sizifredo" é encarado graficamente pela minha mente assim ".i..f...o". Se eu reperguntar o nome da criatura, a cena se repete, e isso é mais inacreditável ainda.
Herdei essa desqualidade genética, e sim, acho que inventei a palavra desqualidade, da minha mãe. Mas minha mãe tem um pokemon mais evoluído que o meu em termos de esquecer nome das pessoas. Deve ser pela prática! Como se não bastasse esquecer como as pessoas se chamam, mamãe também rebatiza as pessoas com novos nomes. É meio que "se não aprendo o seu nome, vou te dar um nome novo". E sabe o que é mais engraçado? Às vezes o nome que minha mãe dá às pessoas combina muito mais com elas do que o nome que está no RG.
O outro defeito é mais perigoso. E digo perigoso porque achei mortal uma palavra forte demais, mas quase é aplicável. Estou me referindo à minha falta de habilidade para viver sem esbarrar e derrubar coisas. É a dita da pessoa desastrada. E por mais que eu tente muito me livrar desse estigma, a impressão que tenho é que algum ente espiritual, do mal, claro, anda atrás de mim jogando coisas e colocando quinas de móveis no meu caminho. 
Não vou dizer que não melhorei desse defeito ao longo dos anos. Era muito pior quando era criança, adolescente e há um ano atrás. Aos poucos a pessoa que é desastrada vai encontrando formas de evitar andar com bolsas muito grandes em lojas de cristais, entrar em lojas de cristais, pensar em cristais. Melhorei, mas ainda não estou como gostaria.
O que eu gostaria? De não acordar com roxos inexplicáveis semanalmente (semanal é melhor que antes, porque antes era diário), de que não existissem maçanetas e todas as portas se abrissem com o poder da mente, de que os cantos dos móveis fossem arredondados e de borracha, de que todos os espaços fechados fossem de mais de mil metros quadrados, de que não houvessem mesas de centro (essas malditas arrancadoras de canela), e por aí vai.
Acho que no final tudo se resume à falta de atenção. Falta de atenção a quem está dizendo o seu nome, falta de atenção ao espaço que meu corpo está ocupando, falta de atenção, se ater, estar presente no momento. No final, e no final mesmo, acredito que o grande problema da humanidade, o que me inclui, é a falta de atenção no presente. Fomos educados, não, educados não, fomos robotizados a pensar o tempo todo no passado e no futuro, deixando o melhor instante da vida de lado, o agora. Talvez por isso, entre tantos defeitos, estes dois sejam os que mais me incomodem, porque refletem minha falta de concentração no que realmente importa. E a dica, de uma esquecedora de nomes e desastrada em recuperação, é que pensar no agora, ter atenção nesse momento, deixar o passado no passado e o futuro no futuro, pode resolver grande parte dos seus problemas.
Oi, meu nome é Quésia, há dois dias não esqueço o nome de ninguém e, deixe-me pensar, faz 22 horas que não me bato em nenhum objeto.

Galera, esse é um espaço novo no blog, em que vou escrever algumas coisas que penso, compartilhar com vocês alguns dos meus escritos. Espero que curtam os textos! Bjos

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